RESUMO
O suicídio é um grave problema de saúde pública e uma das principais causas de morte na adolescência. No ano de 2019, foi a quarta causa de morte em pessoas dos 15 aos 29 anos. A prevenção do suicídio deve ser multifacetada, de esforço coletivo e em vários contextos, tendo em conta a sua complexidade e etiologia multideterminada. Uma vez que os adolescentes são considerados uma população de risco, o Plano Nacional de Prevenção do Suicídio prevê campanhas de prevenção nas escolas, não só para os alunos, mas para a restante comunidade educativa. Os professores encontram-se bem posicionados para intervir junto de adolescentes com comportamentos da esfera suicidária. Aumentar a literacia e os conhecimentos dos professores sobre comportamentos suicidários aumentará a probabilidade de encontrarem adolescentes em risco e de prestarem a ajuda e encaminhamento necessários. O objetivo deste estudo foi verificar a eficácia de um programa de formação na literacia em saúde mental e nos conhecimentos dos professores sobre comportamentos suicidários na adolescência. Recorreu-se a um estudo quasi-experimental, com desenho antes, após e follow-up (3 meses), com grupo controlo. Os instrumentos utilizados foram o Questionário de Avaliação de Literacia em Saúde Mental (QuALiSMental) e o Adolescent Suicide Behaviour Questionnaire (ASBQ) - versão traduzida e validada para português. A amostra contou com 42 professores no grupo experimental e 30 no grupo de controlo. O grupo experimental foi sujeito a uma formação de curta duração de três horas, baseada no Programa Mais Contigo. Verificaram-se diferenças estatisticamente significativas entre os níveis de literacia em saúde mental e conhecimentos sobre comportamentos suicidários dos adolescentes, antes e após a formação, no grupo experimental e no grupo de controlo não se verificaram diferenças. A análise dos resultados alcançados permitiu concluir que a formação se revelou eficaz. No entanto, como o nível de literacia e dos conhecimentos foi diminuindo ao longo do tempo, considera-se importante que a formação seja contínua e, de forma a abranger mais professores, seria importante torná-la uma prioridade nas escolas.